Caso Clínico: FISIOTERAPIA EM TONTURAS E VERTIGENS
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Frequentemente recebemos no consultório pacientes queixando-se de sintomas de tonturas e/ou vertigens, dessa forma, para conseguirmos ajudar essas pessoas precisamos saber primeiro diferenciar esses dois sintomas.

Por mais que muitas pessoas pensem que tontura e vertigem se trata da mesma coisa, existe uma grande diferença e, o conhecimento disso pode ser o que falta no sucesso do tratamento desses pacientes.

Vertigem obrigatoriamente é o sintoma em que o paciente tem a sensação de girar sobre o ambiente, ou que o ambiente gire em volta dele. Já a tontura pode ser descrita de diversas formas, desde flutuações até sensação de cabeça vazia, entre outros. A importância de sabermos identificar esses sintomas é que eles nos apontam causas sistemas e estruturas diferentes como causas!

As vertigens são de causa vestibular, mais especificamente do sistema vestibular periférico, ou seja, do labirinto, portanto pacientes vertiginosos necessitam de uma avaliação e conduta específica de reabilitação vestibular, que é comprovadamente eficaz para o tratamento dessas desordens. Já a tontura pode ter diversas causas, até mesmo de acordo com o relato do paciente, desde problemas metabólicos, circulatórios e, frequentemente encontramos o envolvimento de disfunções cranianas nesses pacientes, portanto a avaliação minuciosa levando em conta a abordagem osteopática pode ser eficaz para esse tipo de paciente.

Um fato que é comum na terapêutica desses pacientes é o uso do medicamento, que geralmente é supressor do sistema vestibular, mesmo quando o sintoma não condiz com o acometimento desse sistema, portanto, atentar-se para os sintomas e ter o conhecimento dos testes necessários levará a terapêutica ao sucesso!

 

CASO CLÍNICO

Paciente, mulher de 72 anos, se apresentou para atendimento com queixas de “tontura”.

Inicialmente foi realizada a anamnese em busca da descrição do sintoma e se havia algo que o provocasse. A paciente relatou que sua “tontura” fazia com que tudo em sua volta rodasse, ou seja, foi identificado que o sintoma na verdade se trata de vertigem, caracterizando disfunção do sistema vestibular, portanto todo o restante da avaliação foi focado nesse sistema.

Quando questionada em relação ao movimento provocativo do sintoma a paciente relatou duas situações: ao deitar na cama e ao levantar da mesma. Essa informação é muito rica, pois nos indica um possível acometimento de canais verticais do labirinto vestibular. Questionando mais a fundo, a paciente relatou que sua forma confortável de se deitar é olhando para o lado esquerdo, portanto, presumisse que seu acometimento poderia ser de canal posterior direito, já que a mesma evita fazer o movimento que provocaria o sintoma no caso de uma disfunção desse canal e desse lado.

O único teste específico realizado foi o teste de Dix Halpike já para o lado direito que apresentou positividade para uma canalitíase do canal posterior direito. A manobra corretiva foi a de Epley realizada apenas uma vez.

A paciente retornou após uma semana com remissão total dos sintomas!

Agora vamos entender o caso?

Parece até mentira que o tratamento foi tão assertivo e com apenas um teste e uma manobra de tratamento, porém o diferencial está na coleta de informações e descarte de possibilidades:

  1. Quando foi identificado que se tratava de vertigem, qualquer outra possibilidade de causa a não ser a vestibular foi descartada inicialmente;
  2. Quando o sintoma é provocado por movimento angular cefálico, logo suspeitamos de uma patologia frequentemente encontrada chamada de Vertigem Posicional Paroxística Benigna – VPPB, que nada mais é do que o deslocamento dos cristais de carbonato de cálcio para dentro dos canais semicirculares;
  3. O relato da paciente de evitar deitar com a cabeça virada para o lado direito indica que possivelmente o canal acometido seja daquele lado. Teríamos duas hipóteses, o canal semicircular posterior direito ou o canal semicircular anterior esquerdo, porém, por conta da anatomia é muito maior a incidência do acometimento de canais posteriores.
  4. Tratando-se de VPPB, a manobra de Dix Halpike é altamente eficaz para o diagnóstico dos canais verticais, sendo eles os posteriores e anteriores.
  5. Com a positividade no teste, a manobra de Epley é padrão ouro para o tratamento dessa patologia e, comprovadamente a única solução para esse tipo de problema.

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