Por Bruno G. Dias Moreno, Adriana Bassan Moreno, Leandra Navarro Benatti e Edmilson Rodrigo Silva Ferreira.
Neste modelo, o estudo de um problema verifica o comportamento de suas variáveis de maneira individual e sistematizada. Sugerindo um padrão de análise linear – com aproximações e correções numéricas – que explicam as discrepâncias e, só então, disponibilizam a condição de aditividade. Em outras palavras: uma equação que descreve se o comportamento do todo tem a mesma forma que as equações que descrevem o comportamento das partes (1).
Na década de 20, não satisfeito com a abordagem mecanicista da Biologia, Ludwig Von Bertalanffy (2) propôs uma concepção organicista com ênfase na consideração do organismo como um conjunto ou sistema. Esta proposta defendia a observação de sistemas complexos como entidades não lineares, compostas de partes em interação sujeitas a uma diversidade de variáveis. Uma clara passagem da visão mecanicista para uma visão organicista que tem sido chamada de segunda revolução científica.
Esta defende que, em busca de autorregulação, sistemas biológicos apresentam uma interação harmônica entre suas partes. Uma atividade fundamental para que trabalhem em conjunto e assim produzam comportamento coerente e com liberdade de ações interconectadas. Por convenção este modelo de referencial teórico é estudado pelas Teorias da Complexidade e do Caos. Pois analisam o comportamento de sistemas que apresentam características de previsibilidade e ordem mesmo aparentemente aleatórios (3).
Indicando que todo organismo vivo necessita de sistemas que intercomuniquem suas células, regulem seu funcionamento no sentido de dar caráter de unidade e que garantam um comportamento orquestrado. Como atua o sistema nervoso autônomo (SNA).
Intimamente relacionado ao controle e comunicação interna do organismo, o SNA age sobre vasos sanguíneos, vísceras e glândulas. E, apesar das inesgotáveis fontes de perturbação apresentadas pelo meio externo, sua fisiologia busca sempre condições de sobrevivência por meio de adaptação.
Para mensurar essa capacidade de adaptação do SNA são feitas análises da variabilidade da frequência cardíaca (4).
Quando há perda do comportamento caótico (não linear) em favor do comportamento cíclico ou da ausência de variabilidade, cria-se uma passagem de situações de normalidade ou de saúde para situações de anormalidade ou de maior risco ao organismo. E, assim como o mecanismo de regulação natural do corpo, as doenças também são bem caracterizadas por um comportamento bifásico, com padrões de simpaticotonia e parassimpaticotonia em momentos distintos.
Na doença há uma alteração dos padrões de controle do SNA na tentativa do corpo responder a algum tipo de estímulos que ainda não pode ser reconhecido. Como um acontecimento natural ou cotidiano.
Isso explica como cada tipo de doença traz ao organismo certo amadurecimento imunológico que permite maior facilidade de adaptação ao meio externo (5).
Concluindo, este referencial teórico e modelo de pesquisa científica, busca analisar situações clínicas sobre a ótica de um comportamento não linear, observando a capacidade de adaptação de cada organismo a uma situação distinta. Considerando todas as variáveis internas e externas como possíveis fatores de perturbação.
Para o filósofo indiano J. Krishnamurti: “a verdade é o que agrega todos nós, embora cada um tenha de encontrá-la individualmente, nos termos e nas condições de sua própria vida”.
1 – Godoy MF, Takakura IT, Corrêa PR. Relevância da análise do comportamento dinâmico não-linear (Teoria do Caos) como elemento prognóstico de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica. Arquivos de Ciências da Saúde (FAMERP), Brasil, v. 12, n.4, p. 167-171, 2005.
2 – Bertalanffy L. General System Theory-Foundations, Development, Applications, Revised Edition, George Braziller, New York, 1969.
3 – Gleiser I. Caos e Complexidade. Editora Campus. Rio de Janeiro, 2002.
4 – Vanderlei LCM, Pastre CM, Hoshi RA, Carvalho TD, Godoy MF. Noções básicas de variabilidade da frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009; 24(2): 205-217
5 – Callejón, F. La lupa de la nueva medicina. Asociación Argentina de Medicina Psicobiológica, 2000.