A estratégica PICO é uma estratégia utilizada para melhor formular uma pergunta de pesquisa e nos ajuda a organizar e focar nossa busca por evidências científicas. PICO é uma abreviação para:
P (paciente)
I (intervenção)
C (comparação)
O (outcomes, para português: desfechos)
Mas você, clínico, independente da sua área de atuação pode se perguntar: “Por que preciso saber sobre a estratégia PICO se ela é utilizada no ambiente clínico?”. E convenhamos, é uma excelente pergunta. Mas a reposta é que, se você quiser buscar na literatura melhores intervenções para tratar seus pacientes, além de se comunicar melhor para vender o seu trabalho e transmitir segurança a estratégia PICO é uma excelente aliada.
Você já deve ter ouvido a pergunta “A osteopatia tem evidência científica?” ou até se questionado sobre. Mas a questão é: essa pergunta é impossível de ser respondida. Quando ouvimos essa pergunta, temos que questionar: O que da osteopatia? Para quem? Comparada com o que? E para que?
A Osteopatia é uma ciência, uma área de atuação científica que engloba inúmeras técnicas e raciocínio diagnóstico, perguntar se essa área tem evidência científica, é a mesma coisa se perguntar se a Fisioterapia Ortopédica funciona mesmo. Veja, os mesmos questionamentos realizados acima (O que da osteopatia? Para quem? Comparada com o que? E para que?), podem ser aplicados nessa situação. Portanto, realizar perguntas corretas, pode nos ajudar além de encontrar evidências científicas para subsidiar nosso trabalho, responder com mais clareza nossos pacientes, que frequentemente, podem nos fazer esse tipo de pergunta.
A estratégia PICO na prática
Suponha que a nossa intenção é buscar se tem algum tipo de evidência que comprove que a manipulação torácica é útil. A primeira coisa é organizar a nossa pergunta, e para aí podemos utilizar a PICO:
A manipulação torácica é útil?
- A manipulação torácica = I (intervenção) é boa para quem? = P (paciente)
- A manipulação da torácica é melhor do que quando comparada a outra intervenção? = C (comparação)
- A manipulação torácica é melhor, quando comparada a outra intervenção, para a dor e a incapacidade, ou qualidade de vida, ou autopercepção de dor = O
Assim, orientando-nos melhor, já definimos a pergunta a ser realizada e a probabilidade de encontrar melhores evidências científica aumenta:
P = para pacientes com dor crônica no ombro
I = a manipulação torácica
C = quando comparada a exercícios de fortalecimento
O = é melhor, ou não, para a dor e a incapacidade?
Dessa forma, ao aplicar a estratégia PICO para melhor estruturar nossas perguntas, a pergunta sai de A para B:
A = A manipulação torácica é útil?
B = Para pacientes com dor crônica no ombro, a manipulação torácica, quando comparada a exercícios de fortalecimento, é mais eficaz para melhorar a dor e a incapacidade dessa população?
Dessa forma, quando lhe questionarem se a Osteopatia tem evidência científica, a melhor resposta seria: “Depende, para qual população (P), qual técnica (I), comparado com o que (C) e para que (O) você gostaria de saber?”
REFERÊNCIAS
- Guyatt, G., Rennie, D., & Satya-Murti, S. (2002). Users’ guides to the medical literature: a manual for evidence-based clinical practice. JAMA-Journal of the American Medical Association-International Edition, 287(11), 1463.
- Chandler, J., Cumpston, M., Li, T., Page, M. J., & Welch, V. J. H. W. (2019). Cochrane handbook for systematic reviews of interventions. Hoboken: Wiley.