AGACHAMENTO: MITOS E VERDADES

INTRODUÇÃO

O exercício de agachamento é muito utilizado, gerando benefícios ao mecanismo fisiológico e funcional da articulação do joelho, envolve outras funções biomecânicas relacionadas ao controle postural, exigindo a habilidade em dominar os movimentos do tronco, da pelve, quadril, joelho e tornozelo, proporcionando estabilidade, coordenação do gesto motor e agilidade.

O agachamento é um exercício que favorece estabilização em todas as articulações envolvidas,  pois  não  se  restringe apenas ao fortalecimento dos músculos dos membros inferiores. Trata-se de um exercício completo e complexo, visto que, além de fortalecer a musculatura dos membros inferiores, desenvolve a musculatura do CORE; os mecanismos de coordenação motora e o equilíbrio postural dinâmico.

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BIOMECÂNICA DO AGACHAMENTO

Existem classificações considerando os ângulos de flexão de joelho, sendo: agachamento parcial (±135°), agachamento paralelo (±90°) e completo (±45º). Durante o movimento, recrutamos três principais articulações, sendo o quadril, joelho e tornozelo, além de praticamente todos os músculos do membro inferior. Durante o agachamento vários músculos são solicitados, dentre eles o reto femoral, vastos lateral e medial, isquiotibiais, glúteo máximo e tríceps sural, adicionando ainda à ativação dos músculos estabilizadores lombo-pélvicos.

O movimento é constituído pela fase concêntrica e fase excêntrica. A fase excêntrica é caracterizada pela flexão do joelho a 90º, ativação muscular basal e flexão do quadril. Já na fase concêntrica observa-se a extensão do joelho, a ativação muscular difusa e a ativação prévia do músculo quadríceps femoral.

 

CINESIOFOBIA E DOR

O medo de realizar movimento (cinesiofobia) e reincidência de lesão, são fatores associados à dor crônica. A dor está não só associada a fatores físicos como a fatores psicológicos, cognitivos, comportamentais, sociais e ocupacionais e todos estes contribuem para a evolução do paciente, o que pode explicar a recuperação mais demorada após um episódio de dor, pois a mesma gera traumas e experiências negativas, gerando medo de um novo episódio de dor devido ao movimento realizado.

Durante a reabilitação com um paciente que apresente estas características, é importante uma abordagem psicológica e cognitiva focada na diminuição do medo do movimento. Esta abordagem deve estar presente ao longo de todas as sessões. Estratégias específicas de educação em dor devem ser implementadas de forma a diminuir e, posteriormente, eliminar crenças negativas relacionadas ao movimento.

 

AGACHAMENTO E REABILITAÇÃO

O agachamento é um exercício muito utilizado no processo de reabilitação, pois favorece a estabilização em todas as articulações envolvidas (tornozelo, joelho, quadril, pelve e coluna vertebral).

É um exercício completo e complexo, visto que, além de fortalecer a musculatura dos membros inferiores, desenvolve a musculatura do CORE, os mecanismos de coordenação motora e o equilíbrio postural dinâmico. Sendo um excelente meio de promover a estabilidade dinâmica, tanto em treinamento de atletas quanto na prevenção e tratamento de lesões da coluna vertebral e dos membros inferiores.

 

PARA QUEM O AGACHAMENTO É INDICADO?

O agachamento pode ser praticado por qualquer pessoa saudável. Caso possua alguma patologia, é interessante a orientação fisioterapêutica.

 

POSSUI RISCOS?

Contudo, como em qualquer exercício, quando realizado de forma incorreta ou mal prescrita, pode acarretar lesões musculoesqueléticas, por exemplo: síndrome patelofemoral e osteoartrite – causadas pela a magnitude da força patelofemoral.

 

EFEITO DO POSICIONAMENTO DOS MEMBROS INFERIORES

Alterações na postura geram importantes efeitos na cinética e atividade muscular durante o agachamento. Tais alterações podem ser relacionadas à abertura ou rotação entre os membros inferiores.

Quanto a largura entre membros, o estudo de Paoli et al. analisaram a atividade mioelétrica de 8 músculos dos membros inferiores (vasto medial, vasto lateral, reto femoral, semitendinoso, bíceps femoral, glúteo máximo e médio e adutor magno). Seis indivíduos treinados realizaram 3 séries de 10 repetições com diferentes intensidades (sem sobrecarga, 30%1RM, 70% 1RM) e diferentes larguras entre os membros inferiores. As diferentes larguras foram definidas em função da distância entre o trocânter maior do membro direito e esquerdo, durante a execução de um agachamento de referência para cada sujeito (caracterizada como 100% da distância entre trocânteres), então os sujeitos foram analisados em 3 diferentes distâncias: 100, 150 e 200% da distância entre trocânteres. Houve diferença na ativação muscular apenas para o glúteo máximo, nas condições sem peso e 70% 1RM entre 100% e 150% e entre 100% e 200%, sendo que quanto maior a largura entre membros, maior sua participação no exercício agachamento.

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CONCLUSÃO

O agachamento é um exercício excelente segundo a sua comprovação científica, e pode ser utilizado em treinamentos esportivos, na reabilitação e até como forma de avaliação.

 

REFERÊNCIAS

  1. Gusmão T, Ribeiro K, Granja K, Sant’Ana H, Machado A. Desempenho funcional do exercício de agachamento. Caderno de graduação-ciências biológicas e da saúde-unit-alagoas. 2015;2.3:45-56.
  2. Preto J, Ferreira A, Martins J. Agachamento profundo: uma análise sistemática. RBPFEX-Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício.2014;8.47.
  3. Almeida A, et al. Análise biomecânica do movimento de agachamento: estudo de caso. Brazilian Journal of Development.2019; 5(11): 24126-32.
  4. Aguiar J. Benefícios da cadeia cinética fechada na reabilitação no pós-operatório da cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior. 2020.