Autoria de LETÍCIA JONAS DE FREITAS, fisioterapeuta, mestra e doutoranda pela USP de Ribeirão Preto/SP.
Imagina uma condição que acomete 1 a cada 4 indivíduos? E que além disso, essa condição pode ser a 3ª condição musculoesquelética que mais gera procura por atendimento médico no mundo? Ou que a demanda crescente de ajuda médica poderia aumentar o número de faltas, risco de aposentadoria precoce e, consequentemente, um impacto financeiro na vida daqueles que a tem?
Esses dados, são referentes a dor crônica no ombro. Uma condição extremamente comum dentro da clínica onde a maioria dos pacientes vem com aquele famoso diagnóstico anatomopatológico: “Ruptura total ou parcial do supraespinhal” ou o clássico “Síndrome do Manguito Rotador” ou diversos outros CID’s que englobem de forma genérica esses sintomas. Mas a verdade é que sempre que pensamos na reabilitação do ombro, pensamos em:
A questão é: os estudos trazem que a terapia manual e o os exercícios de fortalecimento de carga progressiva são as melhores técnicas para indivíduos com dor crônica no ombro. Entretanto, há frequentes dúvidas no âmbito clínico: como é possível escolher as melhores técnicas de terapia manual e como e em que momento usar essas técnicas?
Dentre as técnicas de terapia manual, temos a manipulação da coluna vertebral que geralmente é escolhida pelos profissionais por ser rápida e proporcionar efeitos imediatos. A manipulação define-se por “aplicação da uma força mecânica nas articulações da coluna na forma de alta velocidade e de baixa e impulso de baixa amplitude”, e em também, pode ser conhecida como thrust. A manipulação da coluna vertebral, pode proporcionar efeitos no local próximo ou distante da dor o que reforça seus efeitos sistêmicos. Tal técnica é capaz de gerar efeitos no sistema nervoso central, como a redução da excitabilidade central e a ativação de mecanismos inibitórios centrais para produzir analgesia.
Figura 1: Efeitos da manipulação espinal no sistema nervoso central.
O estímulo advindo da manipulação vertebral chegará ao o cérebro, por meio das aferências, onde gerará uma resposta de diminuição da excitação central e ativará estímulos inibitórios que, por sua vez, proporcionarão a analgesia.
Os exercícios de fortalecimento melhorarão a força, amplitude, e consequentemente a dinâmica da articulação do ombro o que pode melhorar esses sintomas álgicos. Então, ao ler essas informações, pode ser que venha à sua mente:
“E se juntássemos a manipulação da coluna vertebral com exercícios de fortalecimento para tratar pacientes com dor crônica no ombro?”
Ahá! Outras pessoas pensaram da mesma forma (inclusive um professor da EBRAFIM, com quem pude aprender tanto). Esse pensamento, levou ao desenvolvimento de uma revisão sistemática com meta-análise (o filé mignon dos estudos) com somente ensaios clínicos que explorassem a aplicação da manipulação na coluna torácica, cervical e cervicotorácica e exercícios terapêuticos para pacientes com disfunção e sintomas de dor no ombro. O artigo é esse:
Com o desenvolvimento desse estudo, podemos concluir algumas coisas que podem nos ajudar no nosso cotidiano da clínica:
Ao final desse texto, mesmo não sendo o ideal (temos um caminho longo a percorrer para fugir somente desses exercícios para ombro), espero que quando pensar ou quando atender um paciente com dor crônica no ombro, o que venha à sua mente seja:
REFERÊNCIAS: